segunda-feira, 7 de julho de 2025

As raízes da culinária da grande Paulistânia

 


Amigos, eu vou fazer uma grande postagem sobre as origens da culinária brasileira.
Principalmente da região chamada por historiadores gatronômicos de: Paulistânia.
Sei que na blogosfera muita gente não curte postagens longas, então vou dividir em algumas partes, mas vou fazer de forma, que cada uma delas seja fechada em uma leitura bacana.

Um pouco antes da Primeira Guerra Mundial, os europeus já viviam sob grande tensão.
Pequenas guerras e conflitos já pipocavam aqui e ali, e o povo sabia que, a qualquer momento, uma guerra de dimensão continental poderia acontecer.
Foi nesse clima quase insustentável que muitos imigrantes vieram para o Brasil. Descobriram, por meio de "facilitadores", que havia grande demanda de mão de obra nas grandes fazendas. Principalmente nas plantações de café, fumo, cana-de-açúcar e nas fazendas de gado leiteiro.
Nessa época o Brasil estava abandonando gradualmente a mão de obra escrava. Apesar da abolição ter ocorrido oficialmente em 1888, em alguns lugares, até por volta de 1910, ainda se praticava essa barbaridade.
Falando nisso; ano passado encontraram fazendas no Rio Grande do Sul, onde pessoas trabalhavam quase como escravos — mas essa é uma outra história, que qualquer dia nós podemos debater por aqui.
Voltando à conversa de hoje, esses europeus vieram para o Brasil, com o sonho de trabalhar, crescer e prosperar. 
Eles desembarcavam principalmente no porto de Santos, onde agenciadores levavam os que não tinham dinheiro para trabalharem nas fazendas de São Paulo, Minas Gerais, Norte do Paraná, sul de Mato-grosso e de Goiás. 
Já os que tinham melhores condições financeiras, eram quase que engambelados pelos mesmos agenciadores, que os vendiam terras em lugares de mata fechada e de difícil acesso, como foi o caso, dos italianos e alemães na serra Gaúcha.
Calma, gente! 
Eu prometi que essa postagem seria sobre "as raízes da culinária brasileira", e a gente ainda vai chegar lá. Mas o "trem", como diz o mineiro, que será personagem importante na nossa história, não é tão simples assim. 

Mas por hoje paramos por aqui.



quarta-feira, 2 de julho de 2025

Tachos Calvino

 


Segundo a religião cristã, haverá um dia em que você, eu, tu, ele, nós, vós e eles, serão, seremos, serei, sereis, julgados!
Depois desse julgamento, se você aceitou a Jesus como seu único e suficiente salvador, você deverá, segundo a Bíblia, ser salvo e ir morar no céu eternamente. 
Mas se você não aceitou Jesus, e torceu pelo lobo mau a vida toda, certamente você vai fritar no tacho do capeta — eternamente — e de vez em quando o capiroto vai te dar umas cutucadas com o tridente, para ver se você já está bem fritinho. 
Mas esse prato, meu amigo,  onde você é o ingrediente principal, nunca vai ficar pronto, afinal, eternamente é muito tempo! 
Quer moleza? Então vira católico, aceita Jesus mais ou menos, e aí talvez, mas apenas talvez, você fique num lugar fedido, chamado purgatório, até pagar seus pecados, e só depois que talvez, mas apenas talvez, você vá morar no suburbio do céu.
E como tudo que é ruim, ainda pode complicar mais um pouco, apareceu um cidadão chamado João Calvino, que formulou uma teologia baseando-se em versículos bíblicos, que diz que as coisas não são bem desse jeito! 
Oras bolas! O meliante escolhe Jesus como seu único e suficiente salvador e será salvo. 
Não! 
O Calvino bolou uma trama teológica, onde a simplicidade da salvação se dá apenas para um grupo de pessoas, que ele chamou de escolhidos, eleitos, ou predestinados. Segundo Calvino, Deus, na marra, fará com que alguns escolham a Jesus e o aceitem, mesmo que não queiram, como seu único e suficiente salvador, irresistivelmente, "fantochemente", e pasmem — livremente!
Segundo ele, a outros, mesmo que queiram, não será dada a chance de escolher a Jesus, mesmo que o cara assista uma pregação, encontre uma Bíblia em uma ilha deserta e se convença de que Deus é o caminho, e queira trilhar esse caminho, Deus vai mexer os pauzinhos para que o coração desse fulano se endureça e ele não aceite Jesus verdadeiramente, porque ele não é um dos eleitos. 
Na cabeça do Calvino, mesmo que Deus tenha interferido pro cara não aceitar a Jesus, a não escolha, é "calvinamente" classificada como livre.
Cês tão entendendo?
Esse Calvino tem milhões de seguidores no mundo, na verdade, entre as igrejas evangélicas tradicionais, esse cidadão é o mais influente teólogo. 
Seus discípulos são combativos, e sua doutrina tem entrado em igrejas que tradicionalmente pensavam diferente disso. Essa questão que eu coloquei aqui, é apenas um agente complicador da teologia calvinista, existem outras tantas, pois sua doutrina é calcada em 5 pontos, e cada ponto é mais polêmico que o outro.
Ainda bem que no dia do julgamento, quem vai julgar é Deus e não, nenhum calvinista, senão, não iria caber tanta gente no tacho do capeta. Na verdade, acho que o capeta teria que abrir uma fábrica de tachos! Imagine o slogan da fábrica: Tachos Calvino, eternamente esperando por você!
Eu hein... Tô fora!



sábado, 28 de junho de 2025

Próximo!!!!




Humberto estava na fila há 20 minutos, quando finalmente uma voz anasalada gritou: 
— Próximo!
Ele olhou pra atendente dando um sorriso simpático e disse:
— Bom dia!
— O que você deseja? — respondeu a mulher em meio a um suspiro.
— Eu quero tirar a segunda via do meu...
— Já pagou no banco?
— Como senhora?
— Banco! Já pagou no banco?
— Não entendi...
— Tem que pagar no banco antes de fazer o requerimento. Já pagou no banco?
— M... Mas, pagar o que no banco senhora?
— Tem que pagar a segunda via do RG e trazer o comprovante — rosnou a mulher entre os dentes.
— Mas aqui não é o lugar onde se resolve tudo mais rápido.
— O que não quer dizer que você não tenha que antes fazer o pagamento! — respondeu ela olhando por cima da cabeça de Humberto e gritando. — Próximo!
— Eu não sabia que tinha que...
— Tem que pagar no banco! Próximo!
Humberto correu. O banco ficava dentro do próprio prédio.  Pegou a senha, esperou mais dez minutos, pagou, correu de novo até a outra repartição, entrou na fila novamente, e depois de mais meia hora escutou: 
— Próximo!
— Oi, bom dia mais uma vez! — disse com sorriso meio simpático.
— Pagou no banco?
— Paguei, aqui está o comprovante.
— Cópia do RG antigo, ou CNH e a certidão de nascimento original.
— Como?
— Cópia do RG antigo, ou CNH e a certidão de nascimento original.
— Não entendi. — falou Humberto franzindo a testa.
— Não touxe?
— O quê?
— A cópia do RG antigo, ou CNH e a certidão de nascimento original.
— Precisa?
— Sim!
— Mas... Porque a senhora já não falou isso antes?
Ela olhou para o Humberto com a paciência de quem olha para uma criança arteira; deu uma bufada, ajeitou os óculos, pegou uma caneta e grifou em um papel: 
— Agora tem que trazer a cópia do RG antigo, ou da CNH, e a certidão de nascimento original. 
— M... Mas...
— Próximo!



quarta-feira, 25 de junho de 2025

Licença poética

 

Muitos poetas escrevem sem pontuação.
Sem ordem gramatical ou ortográfica.
Dizem ser licença poética.
Começam sem letra maiúscula, terminam sem ponto final.
Tipo: — O leitor que interprete da forma que as palavras tocarem seu coração...
Alguns, colocam uma palavra em cada linha.
Sem reticências antes nem depois, sem vírgula, ponto e virgula, sem noção.
Apenas porque visualmente fica bom.
Sim?
Não...
A língua portuguesa tem regras! Tem o jeito certo de escrever. 
Me desculpem a chatice... 
Mas a língua portuguesa, se bem escrita, consegue exprimir corretamente todo o sentimento que o escritor está sentindo, de forma clara. 
Claríssima.
Mas — muitos poetas escrevem sem pontuação.
Sem ordem gramatical ou ortográfica.
Dizem ser licença poética.
Aff!


sábado, 21 de junho de 2025

Cada um sabe o que faz!


— Menina, — falou a vizinha da casa rosa. — Você não sabe o que eu vi ontem?
— O quê? — respondeu a vizinha do lado chegando perto, com a vassoura na mão.
— Ontem eu estava subindo a rua da feira, e vi a Maria parando o carro do lado da escola, debaixo das árvores.  
— Ela devia estar indo no mercadinho do seu Roque...
— Não! — respondeu a da casa rosa arregalando os olhos. — Eu não sou fofoqueira, por isso não quero inventar coisas.
— Eu sei que não é, a gente só está conversando. Nem eu quero cuidar da vida dos outros. — cochichou a vizinha se abaixando perto do ouvido da amiga. — E aí? O que você viu?
— O Antônio, marido da Tânia... Sabe?
— Sei, lógico. Ele ajuda na missa de domingo.
— Então menina! Ele parou o carro na frente do carro dela. Saiu. Parecia meio assustado. Olhou pra todos os lados... e rapidamente, entrou no carro dela!
— Minhanossasenhora!!!!
— É... — continuou a vizinha da casa rosa fazendo cara de espanto. — E os dois saíram juntos no carro.
— E você não viu se eles demoraram pra voltar?
— Não! Porque eu não quero cuidar da vida dos outros, né?
— Lógico! Eu também acho. Cada um sabe o que faz.
— É... — concordou a da casa rosa. — Mas a Judite, aquela fofoqueira,  me disse que eles demoraram mais de uma hora e meia.